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Kobe Beef

A melhor carne do mundo em Blumenau.

Os cuidados específicos e o sabor marcante deram ao Kobe Beef o título de melhor do mundo. Há alguns anos, a carne da raça Wagyu vem conquistando os brasileiros que apreciam cortes selecionados e os prazeres da boa gastronomia. O gado, de origem japonesa, recebeu esse nome em homenagem a cidade de Kobe, onde há maior número de criadores.

A excelência é garantida através da gordura encontrada entre as fibras que formam um marmoreio, o que segundo o chef e especialista em carnes, Caio Fontenelle, é algo muito valorizado entre os apreciadores do alimento.

O chef também ressalta que essa gordura presente no Kobe Beef deixa a carne ainda mais macia e suculenta. Durante o preparo, ela não se mistura com as fibras, mantendo o sabor característico da iguaria. Além de ser extremamente deliciosa, os especialistas e criadores defendem que a carne também é rica em gorduras saudáveis, revela.

As regiões de carne do Wagyu, o Kobe Beef do entrecot é o destaque do cardápio de verão do Figueira (Reprodução / Oficina)

As regiões de carne do Wagyu, o corte entrecot do Kobe Beef é uma das apostas do cardápio de verão do Figueira (Reprodução / Oficina)

O Figueira Restaurante, especializado em carnes nobres, apostou no Kobe Beef como uma das novidades do cardápio de Verão. No estabelecimento, os clientes poderão apreciar o corte entrecot, uma peça de 600 gramas que serve duas pessoas e vem com quatro tipos de acompanhamento.

O restaurante blumenauense é o primeiro e único da região a servir esse tipo de carne.

Os primordios e a regulamentação
(André Bonomini)

Se até este post você achava que o churrasco gaúcho, o americano, o uruguaio/argentino ou outro de grande fama fosse um manjar em matéria de carne (o que não deixa de ser), é do Japão que está vindo a carne mais cobiçada e preciosa do mundo. O Kobe Beef virou o ouro vermelho da cozinha, uma peça sofisticada da gastronomia nipônica, que mostra que a simpática ilha do pacífico tem muito mais do que sushi e yakissoba.

Do tempo do trabalho na lavoura até a transformação em iguaria, o Kobe Beef acabou com muita história por entre os veios dourados de gordura do marmoreio (Reprodução)

Do tempo do trabalho na lavoura até a transformação em iguaria, o Kobe Beef acabou com muita história por entre os veios dourados de gordura do marmoreio

O gado é presente no Japão desde o século II d.C., usado primeiramente como um mero animal de trabalho nas vastas lavouras de arroz do pais. No entanto, por ser um país com uma topografia montanhosa e de isolamento fácil entre propriedades, as criações de gado ficavam cada vez mais longe de contato com outras formas de cuidado e manejo, o que fez com que vários rebanhos desenvolvessem características muito particulares na carne que forneciam, bem diferentes de outras raças de bovinos.

O tempo passara, e pelo final do século XVII e em algumas décadas seguintes, o gado nativo japonês foi cruzado com diversas raças europeias, resultando outras raças e tipos de carne produzida. No entanto, o Kobe Beef autêntico é, como o próprio nome diz, produto do gado de rebanhos da região da cidade de Kobe, podendo ser de uma das quatro raças do Wagyu autêntico: O Akaushi (vermelho japonês), o Kuroushi (negro japonês), o Japanese Polled e o Shorthorn Japonês.

Com a popularização do produto no país, um grupo de marketing de Kobe foi formado em 1983 para definir e promover a marca do bife que levaria consigo o nome da cidade, tal como hoje busca-se com a Linguiça Blumenau atualmente, num exemplo bem claro. Desde então, a marca Kobe Beef é registrada pela Associação de Marketing e Promoção da Distribuição do Kobe Beef, que estabelece, para a autenticidade da carne, os seguintes requisitos:

  • Gado Tajima (estirpe do negro japonês) nascido na província de Hyogo
  • Criado na província de Hyogo
  • Boi ou touro castrado, para purificação da carne
  • Processado em matadouros de Kobe, Nishinomiya, Sanda, Kakogawa e Himeji, todas na província de Hyogo.
  • Razão de marmorização (BMS) de nível 6 ou acima.
  • Padrão de qualidade da carne de nível 4 ou 5
  • Peso bruto do bife de um animal é 470 kg ou menos.

  • Criação de luxo

    O boi de raça Wagyu, em uma das tantas criações da província de Hyongo

    O boi de raça Wagyu, em uma das tantas criações da província de Hyogo, onde se localiza a cidade de Kobe, berço da iguaria (Reprodução)

    O valor de uma peça de Kobe Beef tem justificativa mais do que plausível que vai muito além da rigorosa qualidade e do sabor. A criação de um boi da raça Wagyu é feita sob um severo processo que garante a produção do produto com o máximo de qualidade e, acredite, o máximo de luxo ao gado durante o processo. Astronomicamente diferente da crueldade que se vê no Foie Gras.

    Tudo começa na alimentação, claro, onde o Wagyu tem no cardápio grãos especiais, cerveja e maça. Os criadores dão a cerveja diretamente na garrafa, o que, segundo os criadores, estimula o boi a comer mais. Mas vai ainda mais além, o Wagyu tem uma espécie de tratamento de rei (ou, últimos desejos de um preso no corredor da morte, para quem achar o primeiro termo exagerado), sendo escovado com saquê para evitar a proliferação de moscas e carrapatos, fazendo sessões de massagem regulares, acupuntura, repouso em tapetes térmicos e até musica clássica para os ouvidos, para tirar toda e qualquer irritação, acalmar os ânimos. Um ponto crucial que evita a criação de nervos e muculos.

    Uma criação de luxo como a do Wagyu garante um perfeito Kobe Beef, livre de nervos, partes duras, com um perfeito marmoreio e tenricidade e sabor inigualáveis

    Uma criação de luxo como a do Wagyu garante um perfeito Kobe Beef, livre de nervos, partes duras, com um perfeito marmoreio e tenricidade e sabor inigualáveis.

    O resultado? Apenas um e o mais previsível. O produto tem uma qualidade única, uma carne limpa de imperfeições e com o chamado grau de marmoreio (gordura presente na carne lembrando os veios do mármore) muito bom, bem distribuído e construído. O preço é salgado, diga-se de passagem (R$ 500 em alguns casos), mas tem quem pague pelo prazer de comer um bife deste porte.

    Pelo mundo e os clones

    Acredite, encontrar Kobe Beef fora do Japão até 2012 era privilégio para poucos restaurantes e afortunados. A partir deste ano, mais precisamente em fevereiro, as exportações regulares da iguaria começaram a ser feitas, sendo a primeira carga enviada para Macau e, aos poucos, expandindo o leque de compradores, como Hong Kong, EUA, Cingapura e Tailândia.

    Mas, o sucesso também gera a cópia, isto praticamente em toda a boa ideia que surge. Por faltar o registro da marca Kobe Beef em alguns países, muitos produtores comercializam carne rotulada erroneamente com o dístico japonês na embalagem, o que é um grande problema para os criadores do Wagyu em Kobe.

    Para não deixar dúvidas, um pequeno vídeo de um costumeiro chef japonês preparando o cobiçado Kobe Beef em um restaurante na própria Kobe, com um tremendo respeito para com o produto e diante dos próprios consumidores. Veja:

    Pelo aumento da popularidade deste tipo de carne nos EUA, acabou surgindo na Terra do Tio Sam uma variação curiosa, menos cara e com sabor diferente do legítimo Kobe Beef, chamada de bife ao estilo de Kobe, de cor mais escura e gosto mais forte. Sempre querendo fazer a sua maneira, os americanos alegam que as diferenças entre o produto nipônico e o produzido no solo pátrio são apenas estéticas e a moda de recriar o modo de criação do Wagyu fora de Kobe não está apenas nos EUA, mas também em fazendas na Grã-Bretanha.

    O Brasil possui também uma associação de criadores e produtores do gado de raça Wagyu.

    Assim, depois de algum tempo passando diante de nossos olhos em programas culinários e rurais, o precioso Kobe Beef, enfim, pousou em Blumenau e estará disponível para os clientes do Figueira Restaurante, que no cardápio de verão poderão ter esta inigualável experiência de saborear o mais delicioso e sofisticado bife de que se tem notícia.

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